segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Mugaritz












































Um ano depois do incêndio que destruiu completamente a cozinha do
restaurante Mugaritz, ele está mais do que recuperado. Localizado perto
da cidade de San Sebastian, estive alí e comi muitos dos melhores pratos
da vida. Além de lindas, super curiosas e originais, as criações do Chef
Andoni Luis Aduriz impressionam pelas texturas e pelo sabor. Muitos
dos ingredientes vem da natureza que rodeia o restaurante, cultivados
ou colhidos pelos cozinheiros.

Considerado um dos melhores restaurantes do mundo, com 2 estrelas
Michelin, ele tem mais uma qualidade fundamental, a simplicidade.
Um detalhe que faz com que o jantar seja muito mais agradável. Nada
de frescuras, talheres caríssimos, formalidades. Todos que nos serviram
eram super simpáticos, alegres e prontos para conversar. Como sempre,
cobri o maître, José, de perguntas sobre o restaurante e ele até arriscou
umas palavras em português.

Em cima de todas as mesas, super simples, de madeira com toalhas de
algodão grosso, uma escultura feita a partir da desconstrução de pratos.
A obra, do escultor basco Jorge Oteiza faz referência ao incêndio, a
destruição e a capacidade de encontrar outra vez o equilíbrio diante das
dificuldades. Nas mesas estão reproduções, mas em um canto estão os
originais. José faz questão de demonstrar como os pratos podem rodar
rodar e depois sempre terminarem outra vez parados e erguidos.
























O Holocausto e o terror da guerra são alguns dos temas tratados pelo
artista contemporâneo alemão Anselm Kiefer. Muitas de suas obras
mostram objetos queimados, natureza depredada e rastros de destruição.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Círculo de Bellas Artes







































Neste final de semana fui para Madrid para a ARCO, Feira de Arte
Contemporânea e acabei descobrindo um dos lugares mais incríveis da
cidade. O Círculo de Bellas Artes consegue juntar em um só edifício
quase todos os meus principais desejos.

Cineclube com filmes super bons por 2 euros, um café curioso, edifício
antigo completamente maluco com escadarias, teto todo trabalhado, e um
terraço com uma vista panorâmica da cidade. Depois de tudo isso não
precisa falar muito mais.

Imperdível para quem vai passar uns dias, nem que seja para ir ao terraço
e ver toda a Gran Via, os edifícios icônicos da cidade e aproveitar e tomar
um chá olhando para Madrid.

Para quem mora ou vai passar mais tempo, ficar de olho na programação
porque os filmes são mesmo bons. No domingo, quando voltei para casa ía
passar Reservoir Dogs. Nada melhor que um bom derramamento de sangue
à la Tarantino para começar a semana.

































Jacques Henri Lartigue começou a fotografar com 7 anos de idade. Nunca foi
fotógrafo profissional, mas seus diários e álbuns hoje são verdadeiros retratos
da burguesia francesa da primeira metade do século XX, além de obras de arte.
A alegria de viver, a leveza e o movimento eram os seus temas preferidos.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Bauhaus Arquivo






































A Bauhaus está no imaginário de todos os arquitetos e designers do mundo. 
Todos já sonharam, nem que seja uma vez, com as aulas de Mies, Klee, 
Albers, Moholy-Nagy. Com o seu ambiente criativo, sua produção e 
efervescência cultural. 

Eu pelo menos já sonhei muitas vezes e por isso chego até a cogitar a hipótese 
de fazer um mestrado na nova Bauhaus. Para quem não sabe, a faculdade foi 
reconstruída e agora tem duas sedes, uma em Weimar, perto de Berlin, e outra 
em Desau. É uma tentativa de continuação do sonho de construir uma casa. 
Um lugar onde através da beleza e da funcionalidade, se pretende mudar o 
mundo. 

Em Berlin é possível visitar os arquivos da antiga escola e, garanto, não precisa 
ser deste meio para gostar. O edifício desenhado por Walter Gropius foi 
construído para abrigar o material que restou após a escola ser fechada pelos 
nazistas em 1933.

No interior eles realizam exposições com as obras dos artistas que passaram por
lá, muitos deles os mais importantes do século XX. 

Além das exposições estão alí os jogos de xadrez, os objetos de decoração, os
posters da Bauhaus. É o lugar para quem quer entender a estética de hoje. O
berço do movimento moderno. 


A ¨Roda de Bicicleta¨ de Marcel Duchamp, artista que revolucionou 
a história da arte com seus ready-mades. Na foto o artista disputa uma partida
de xadrez com o fotógrafo Man ray. Duchamp era completamente viciado no 
jogo, a ponto de desenhar um jogo de tabuleiro e peças. Para ele o jogo era 
uma metáfora da vida e da arte, azar, jogo e lances certos. 

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Cemitério Montjuic
























Tenho certeza que muitas pessoas vão achar esta escolha de lugar um pouco
estranha. De fato não é das mais normais, mas algo nos cemitérios me
fascina. Tem gente que vai ver o túmulo do Jim Morrison, da Evita, ver os
papas mortos, eu vou para ver os anônimos. Para ver as datas, os nomes, as
famílias, criar histórias com pessoas que nunca conheci.

O Cementerio do Montjuic além dos seus moradores habituais e seus visitantes,
tem outras particularidades. Localizado em uma parte alta da cidade, ele tem
uma vista linda do traçado, do porto e do mar de Barcelona. É um cemitério
que mescla o cemitério parede com alguns túmulos familiares no solo e em
pequenos mausoléus. Acho bonita essa idéia, essa igualdade, uma imensidão
de gavetas com pessoas dentro.

Um dia fui com uma amiga fotografar e vimos o sol nascer de dentro do
cemitério. Recomendo muito o programa e não precisa ter medo, alí só tem
boa gente.





Cenas de ¨Asas do Desejo¨ do alemão Wim Wenders. No filme anjos
sobrevoam a cidade de Berlin e escutam os dramas, as dores e os sonhos
dos seus habitantes.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Guggenheim Bilbao










Ícone da contemporaneidade o Guggenheim de Bilbao também é um dos 
edifícios mais polêmicos da atualidade. Mas a verdade é que ele só pode ser 
criticado depois de analisado ao vivo. 

A sensação de vê-lo, tocá-lo é completamente distinta de que provoca
qualquer foto ou vídeo. Crítica ferrenha da arquitetura de Frank Gehry, com 
exceção de sua casa, confesso que tive que repensar muitas coisas ao visitar 
o museu. 

De fato, muitas críticas são verdadeiras. Apesar de toda a escultura exterior, 
as salas do museu não fogem muito do antigo conceito do cubo branco, 
arquitetura utilizada em todos os museus do mundo. A tentativa de criar 
surpresas e percursos com passarelas me pareceu bem furada. As passarelas 
não tem expressão, os caminhos não levam a lugar nenhum e existem vários
elementos completamente soltos no interior do museu.  Pilares enormes 
horrorosos entre outros absurdos. 

Mas fato é que o edifício tem muito mérito. Além do já conhecido, de ter 
colocado Bilbao na lista das cidades mais visitadas da Espanha, o museu tem 
seu encanto. Sua transformação ao longo do dia, sua materialidade, seu 
caráter monumental escultórico de fato funcionam e muito bem. 

Vale ir não só para julgar sua arquitetura. As exposições temporárias são 
sempre muito boas e só a ala do Richard Serra vale a ida. Sete peças 
imperdíveis do escultor americano ocupam um espaço imenso no interior do 
museu. Talvez seja verdade o que muitos dizem, só mesmo o Serra para 
ofuscar a tentativa de aparecer de Gehry. 





Imagens de ícones da arquitetura desenfocados pelo fotógrafo
japonês Hiroshi Sugimoto

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Il papiro








Pelo nome já dá para imaginar a especialidade desta loja. A rede Il papiro
segue a tradição italiana de trabalho em papel. De papéis de carta aos
cadernos mais trabalhados.

A primeira loja foi aberta na década de 70 em Florença, mas a que mais
gosto está em Veneza. A arte do papel, da encadernação e dos diferentes
desenhos de capas é algo que a Itália domina há muitos séculos e isso fica
claro em muitas lojas na cidade.

Tenho uma predileção por esta, por ter também penas e tintas para escrever,
cartões com dobraduras e colagens e por seu design. Tem uma sessão onde
dá para escolher a cera e o carimbo para selar as cartas como antigamente.
Ganhei um conjunto de presente da Di (minha amiga italiana) e amei.
Preciso voltar a antiga tradição e começar a lacrar minhas cartas.








¨A costura do invisível¨, coleção feita inteirinha com papel do estilista
brasileiro Jum Nakao.